A endometriose é uma doença com uma diversidade clínica enorme, tanto que ao longo dos anos vem ganhando importância cada vez maior por interferir diretamente com a qualidade de vida de uma jovem saudável, além de ser importante causa de infertilidade. Estudos com grupos específicos de mulheres com dor pélvica ou com dificuldade para engravidar mostraram que a prevalência da endometriose beira os 40%.
Partindo do princípio que uma mulher vai ao ginecologista regularmente, sabe que tem endometriose e quer engravidar, é necessário acompanhar a evolução da doença de perto. “As avaliações clínicas e os exames complementares pertinentes são individualizados, dependendo da gravidade da doença e da dificuldade ou não para engravidar espontaneamente. Ou seja, serão adequadas caso a caso”, explica Dr. Diogo Rosa.
Questões sobre a relação entre endometriose e infertilidade:
1. O que é a endometriose?
– Nada mais é que uma condição na qual o endométrio, mucosa que reveste a parede interna do útero, cresce em outras regiões do corpo. E essa formação de tecido sobressalente, normalmente, aparece nos ovários, intestino, no reto, na bexiga e na membrana que reveste a pélvis, embora possa aparecer em outros órgãos.
2. Há sintomas? Como posso saber se tenho?
– Pode se manifestar com muita dor ou se apresentar de forma silenciosa, portanto o diagnóstico é feito com base na história clínica da paciente, correlacionado ao exame físico e ginecológico.
Como os sinais da doença podem passar despercebidos, mascarando a gravidade da lesão, é importante ir ao médico regularmente. O diagnóstico de certeza da endometriose só é feito através da biópsia da lesão encontrada, o qual é, geralmente, feito através de um procedimento cirúrgico. Não existe prevenção para a endometriose.
3. O que uma mulher com endometriose deve fazer se quiser engravidar?
– Por ser uma causa possível de infertilidade, a mulher sabidamente portadora de endometriose deve fazer acompanhamento com o seu ginecologista para avaliar a evolução da doença.
As avaliações clínicas e os exames complementares pertinentes serão individualizados, dependendo da gravidade da doença e da dificuldade ou não para engravidar espontaneamente. Ou seja, serão adequadas caso a caso.
4. O uso desses métodos contraceptivos, como pílulas e DIU, influencia nesse processo?
– Sim. Essas substâncias podem servir como tratamento da endometriose. O controle clínico da doença é feito através do uso de terapia hormonal. Existem diversas opções para este tipo de terapia, através de pílulas a base de progesterona isolada, terapia hormonal combinada (anticoncepcionais), medicações injetáveis e em casos específicos até o DIU medicado com progesterona.
5. Quais os tipos de tratamento?
– A escolha do tipo de tratamento a ser utilizado depende de vários fatores, mas pode ser feito clinicamente, à base de hormônios, ou com intervenção cirúrgica, em casos específicos, para a retirada de focos da doença. Existem diversas opções para o controle clínico hormonal. Pode-se utilizar progesterona isoladamente ou terapia hormonal combinada, como os contraceptivos orais. Usam-se também medicações hormonais injetáveis e, em casos específicos, um dispositivo intrauterino (DIU) à base de progesterona.
6. Qual a rotina dessa mulher que deseja engravidar?
– Levando em consideração que o tratamento deve ser individualizado, a paciente que deseja engravidar deve seguir uma rotina de avaliação periódica com o ginecologista. O intuito é avaliar a evolução da doença, uma vez que a endometriose pode interferir negativamente na fertilidade, tanto pela possibilidade da doença levar a alterações na anatomia do sistema reprodutor feminino (trompas e ovários), como também pela ocorrência, em alguns casos, de alterações imunológicas causadas pelo processo inflamatório crônico, advindo da doença.
Assim, a rotina de uma paciente que deseja engravidar deve estar pautada em uma boa relação médico-paciente, para que se possa fazer o melhor acompanhamento da evolução da doença, com exames periódicos pertinentes.
7. A questão da idade influencia no tratamento?
– Podemos analisar esta questão, subdividindo-a em dois aspectos: o tratamento da endometriose em uma paciente que quer engravidar e o tratamento evolutivo da endometriose fora da perspectiva de uma gestação. Na paciente jovem que quer engravidar o tratamento deve ser precoce e, em alguns casos, a conduta tende a ser mais intervencionista objetivando o sucesso da gravidez.
No segundo caso, deve-se levar em conta que a endometriose é uma doença da mulher que menstrua, doença do período fértil, com influência hormonal. Sabe-se que na menopausa os sintomas tendem a atenuar-se bastante ou até mesmo a desaparecer. Deste modo, quanto mais próximo ao período da menopausa, mais conservador tende a ser o tratamento, procurando poupar ao máximo a mulher de um procedimento cirúrgico.
8. Quando deve acontecer uma intervenção cirúrgica?
– A cirurgia é uma das opções de tratamento, que não deve ser generalizado. Cada caso deve ser avaliado individualmente e a decisão sobre a melhor proposta terapêutica será tomada em conjunto, médico e paciente, após avaliarem todas as opções disponíveis. A escolha deve levar em conta o objetivo principal da paciente, que pode ser: melhora da dor, tratamento de infertilidade ou evitar progressão da doença para órgãos próximos, como intestino e vias urinárias.
A decisão sobre a melhor forma de tratamento deve ser discutida com um especialista, bem como o acompanhamento do caso, de forma a amenizar os males que a doença possa causar. Para o Dr. Diogo, o que tem de positivo nisso tudo é que houve um avanço considerável na investigação e no tratamento da endometriose. “O que proporciona bem estar às pacientes, possibilitando em inúmeros casos que as mulheres com dificuldade de engravidar possam constituir suas famílias”, comenta.
Dr. Diogo Rosa