Os pais devem reconhecer as capacidades dos filhos e procurar o seu correcto desenvolvimento.

 

A criança interessa-se por livros? Eles são os seus brinquedos preferidos? Quer aprender a ler? Aprende sózinho? Ou prefere os objectos que se podem desmontar tentando verificar como são feitos, procura ou não refazê-los ou criar novas figuras ou brinquedos com as peças?

Ou adora completar puzzles e fá-lo rapidamente, pedindo sempre novos com mais peças, quer utilizando a forma das peças quer o desenho do puzzle para executar a tarefa? Ou então é uma criança que se preocupa com os outros, com as situações familiares, se sensibiliza com as questões sociais e se revolta perante a injustiça e os erros dos adultos quanto à fome, ao ambiente, à guerra?

 

Ou ainda prefere refugiar-se num livro sobre os animais, os astros, a natureza e satisfaz a sua curiosidade e desejo de saber perguntando ou consultando enciclopédias? Ou tem uma grande habilidade para o desporto, a música, o desenho?

Tem uma personalidade forte, é perseverante e com excelente memória?

 

Qualquer destas características, que podem aparecer isoladas ou em conjunto, se intensas e frequentes, devem alertar os pais para verificarem junto dos filhos, dos seus familiares ou dos colegas com idades semelhantes, se a criança está mais avançada. Neste caso, deverá procurar orientação e aconselhamento junto de quem possa, de facto, dar conselhos práticos e realistas, e não apenas utópicos e irrealizáveis. Conselhos dados apenas no sentido daquilo que a criança precisaria ou o que a escola deveria fazer, podem não ser muito úteis. O condicional pode ser utópico. O que de facto os pais deverão exigir é receber uma orientação concreta, nem sempre fácil mas real, no sentido de aprenderem a lidar com os filhos em casa e a forma correcta como compensar, por enquanto, a incapacidade da escola em lidar com estas crianças.

 

Não deverão os pais ficar satisfeitos apenas com o resultado de um teste de QI ou a constatação da existência de uma ou mais capacidades, para assim colocarem o rótulo na criança, ostentando-o como um emblema a trazer peito ou um quadro a colocar na parede. A avaliação quantitativa não é fixa nem é muito fiável. O conhecimento global da criança em todas as suas facetas e ambientes onde vive, dão pistas mais seguras e permitem um acompanhamento mais global e correcto.

 

Quando a criança tem febre ou dores, leva-se ao pediatra, quando apresenta características específicas fora do normal para a sua idade, há que levá-la a um especialista na matéria, neste caso, associações para sobredotados.

 

O desleixo, tanto num caso como no outro, pode trazer graves consequências para o desenvolvimento do indivíduo, para o seu desempenho na escolaridade, para o seu comportamento social. Desde sintomas psicosomáticos, passando por problemas de comportamento ou de aproveitamento académico até comportamentos sociais marginalizantes, crises existênciais e respectivos riscos, tudo pode acontecer.

Esteja atento. Previna. É melhor do que remediar.

 

Dra. Manuela DaSilva
CPCIL

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