A dislexia e a criança

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A dislexia e a criança

Os educadores preocupam-se atualmente com os problemas de Dislexia. Ficam atentos quando uma criança inverte as letras mas é importante que se saiba que este facto é perfeitamente normal, no inicio da escolarização.

Os educadores preocupam-se actualmente com os problemas de Dislexia. Ficam atentos quando uma criança inverte as letras mas é importante que se saiba que este facto é perfeitamente normal, no inicio da escolarização. Assim, não se devem valorizar este tipo de dificuldades antes dos 7 anos ou seja, até ao final do 1ª ano embora seja importante estar atento.

Como se manifesta a dislexia?

A criança disléxica tem tendência para a escrita invertida, ou mesmo em espelho – por exemplo um «p» passa a ser um «q». Os sons parecidos são-lhes impossíveis de distinguir, sendo que letras como o «d» frequentemente são substituídas pelo «b». Também se assiste há troca da ordem das letras dentro da palavra ou inversão do sentido dos algarismos (ex : 86 passa a 68).

Os textos escritos por um disléxico são difíceis de entender, uma vez que há uma quebra de ritmo, que impossibilita o uso correcto quer da pontuação quer das regras de ortografia.

É-lhes complicado aprender sequências como por exemplo os dias da semana, assim como há também dificuldades ao nível da lateralização isto é, em identificar automaticamente a direita e a esquerda, cima e em baixo, à frente e atrás.

As causas da dislexia

Alguns técnicos consideram os factores genéticos como determinantes no desencadear de um problema deste tipo. Embora não hajam certezas, o que é certo é que muitas crianças disléxicas possuem familiares que apresentam problemas semelhantes, em grau mais ou menos severo que estes.

A nível cerebral tudo se explicaria, pelo facto de os disléxicos usarem excessivamente o hemisfério esquerdo, ao mesmo tempo que a utilização das potencialidades do hemisfério direito seria feita de modo incorreto.

Constata-se também, que muitas crianças disléxicas são também canhotas ou mal lateralizadas, o que leva a concluir que existe alguma relação entre estes dois factores.

É importante também que se faça uma despistagem de problemas auditivos, uma vez que uma deficiente discriminação de sons pode ter como consequência directa a dificuldade em escrevê-los.

É sabido que alguns pais desejam que os filhos ingressem muito cedo na 1ª classe e que aprendam rapidamente a ler, desconhecendo que essa economia de tempo pode trazer sérios problemas, entre os quais a dislexia. Por isso é importante que, sobretudo quando se trata de crianças muito novas, no período final da educação pré-escolar, os pais procurem um Psicólogo por forma a avaliar as aptidões básicas envolvidas na aprendizagem escolar ou seja, se a criança possui maturidade necessária para o início da escolaridade.

Este técnico falará com os pais sobre a hipóteses de a criança ter de ficar mais um ano na pré-escolar se for caso disso, prevenindo assim o surgimento de problemas futuros, entre as quais a dislexia.

Os problemas afetivos

Crianças superprotegidas pela família ou no pólo oposto, vitimas de abandono por parte desta, estariam mais sujeitas a problemas de dislexia. Ao mesmo tempo também é referido que a morte de pessoas importantes e significativas para a criança, poderiam ter repercussões a este nível. Embora nada esteja devidamente provado, não é muito difícil aceitarmos estas explicações se levarmos em conta que os factores psicológicos estão sempre presentes em quaisquer tipo de perturbações quer seja na origem, quer no seu desenvolvimento.

Consequências da dislexia

As consequências mais graves têm a ver com as repercussões ao nível da personalidade do disléxico. Muitas crianças não percebendo concretamente o problema que as afecta, podem encará-lo como algo muito grave e até sentirem vergonha por não serem capazes de acompanhar os colegas na leitura. Os níveis de atenção revelam-se muito baixos, o que intensifica o problema.

O que fazer?

Através de uma série de testes o Psicólogo, vai concluir se se trata realmente de dislexia e qual o grau de severidade. As técnicas variam consoante a orientação seguida pelo especialista. Com o tempo, a escrita ou a leitura para o disléxico passaram a constituir momentos de grande ansiedade retirando-lhe toda a espontaneidade. A reeducação tem como um dos objectivos, recuperá-la. Quanto mais grave é a dislexia, mais longo será o tratamento.

Há que referir que esta intervenção está longe de resolver todos os problemas. Existem crianças que melhoram mas que nunca atingem uma cura total. A maior vantagem da reeducação será sempre o abrir da possibilidade para que o insucesso escolar seja minorado. Como já referimos, quanto mais cedo se detectar este problema, maiores são as hipóteses de haver uma solução.

Teresa Paula Marques
Psicóloga e Psicoterapeuta
Clínica da Criança

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