Em Portugal, há alguns pais que, corajosamente, também estão a optar por esta via, perante o estado calamitoso das nossas escolas. Conscientes da degradação a que chegou o sistema de ensino no nosso país, onde impera uma falta de autoridade que tudo permite, os pais encaram o “bullying” como o perigo maior para os seus filhos.
Os pais portugueses já se tinham conformado com a degradação física das escolas, com a falta de equipamentos, com a menor preparação dos professores (a ortografia só por si o evidencia), com as leis que humilham e desvalorizam os professores retirando exigência e autoridade aos docentes, com programas de nivelamento por baixo, próprios para atrasados mentais, até com cursos de aviário (em qualquer grau desde o básico ao doutoramento), mas não estavam preparados para o bullying, isto é, verem os seus filhos transformados em saco de boxe dentro e nos arredores do recinto escolar.
É interdito a um professor ou a qualquer adulto que trabalhe na escola, tocar num cabelo dos alunos, pois logo vem um processo disciplinar, uma humilhação pública com pancadaria à vista de toda a escola ou na Net, e ainda um julgamento sumário na comunicação social. Mas se for um aluno de 12 a 15 anos a humilhar, esmagar, desfazer com pancada, um colega de 9 ou 10… o que acontece?
A comunicação social nem se atreve a falar no assunto a lei considera inimputáveis os energúmenos
Os que “velam pelos superiores interesses” da criança (sejam eles quais forem o que importa é apregoá-los mesmo que em abstracto) não se atrevem a acusar crianças (coitadinhas) mesmo que tenham estropiado ou quase morto o colega (talvez porque não conseguem encontrar o culpado: a sociedade?, os pais?, o bairro carenciado?, etc. – pois isso já não pega!). Bem, se apanhou, é porque merecia, dizem para os seus botões e calam-se, cobardemente.
A hipocrisia desta sociedade causa náuseas.
Se um adulto na função de educador (polícia, professor e agora até juiz e valha-nos Deus, até os pais!) dão uma palmada corretiva ou mesmo preventiva (para isso há tantos estudos sobre o passado, mesmo que seja apenas a experiência de vida), brada-se contra, aniquila-se e aferroa-se-lhe o dístico de “mau tratador” de crianças! Se é uma criança a fazê-lo, tudo e todos se calam.
Mesmo que o façam com requintes de malvadez e atrocidade!
Mas a gravidade destes atos não é muito maior? Não se está a ensinar à criança que pode fazer impunemente aquilo que o nem o adulto pode executar sem ser punido? O chamado “exemplo” já foi decretado nulo? Se se proibia e penalizava o adulto por maltratar, não era para “não dar mau exemplo”, para , pelo contrário, mostrar às crianças que finalmente haveria paz e concórdia entre todos e as crianças cresceriam sem violência,no melhor dos mundos e seriam “felizes”, uns adultos cordatos, respeitadores, sorridentes e amistosos?
Bem, a vida tem destas coisas interessantes – a de virar o feitiço contra o feiticeiro.
Há dias, num centro médico ao conversar com uma funcionária de nível médio, esta queixou-se com mágoa, do filho, de 12 anos, “está tão rebelde, não consigo falar com ele, mudou muito desde que foi para o ciclo, desobediente, malcriado e ainda se vira para mim a dizer que não o posso castigar, senão faz queixa de mim” finaliza com lágrimas nos olhos. Pois é, lembrei-me mas não lhe relembrei, pois com certeza a insónia não a deixa esquecer, de a ouvir repetir alto e bom som desde que o filho entrara no infantário e depois na escola “Ai da professora que lhe toque,! Filho, diz-me se algum professor te bater!”.
Será caso para se dizer: cá se fazem, cá se pagam!
Neste momento, são já os próprios pais a sentir na pele, o que exigiam (erradamente muitas vezes) de figuras de autoridade que enriqueciam e orientavam a vida social dos seus filhos e que agora engolem a humilhação, ou encolhem os ombros “Os pais que os aturem!”. Mas e a sociedade, e essas crianças que serão a sociedade de amanhã, que trarão na cabeça para a comunidade? Olho por olho? Desconfiança e medo? Delação e bufaria? Agressão e fuga?
Será que se poderia afirmar que isto também se aplica aos país? Horror de visão.
Os pais, que sempre respeitaram os seus filhos e lhes incutiram o sentido de respeito pelos outros, pacíficos os adultos e pacíficos os menores (isto sem que uma vez ou outra num momento oportuno, uma pequena palmada “de amor” não tivesse acontecido) recusam-se agora a mandar para os circos romanos cheios de gladiadores e leões em que se transformaram as nossas escolas.
Colocam-nos nos bem regulamentados torneios medievais que são as grandes escolas privadas, onde os torneios, lutas e quejandos também acontecem só que mais “soft”.
Homeschooling, a opção pelo ensino doméstico
Os alunos que mais sofrem nestes coliseus de pacotilha são precisamente os pacíficos (ninguém os maltratou e foram ensinados a não maltratarem ninguém). Curioso, são mesmo os próprios professores a recusarem-lhe ajuda “Não se sabem defender e têm de aprender! Batam também.”, dizem impensadamente convictos, enquanto mais tarde ou mais cedo os pais terão de emitir igual sentença dolorosamente atónitos.
Os alunos que aliada à paz trazem a inteligência, são mesmo os chamados bombos da festa. Além do “prazer de ‘ensinar’ o puto que não se sabe defender”, há o ódio de estimação por serem melhores do que eles aquando da entrega dos testes. Será porque lá no íntimo, os invejam por poderem sair da escola mais rapidamente do que eles, que coleccionam matrículas?
Inconscientemente talvez, pois a massa cinzenta com que nasceram nem deve chegar para tal dedução.
Não admira, portanto, que os alunos mais dotados, não só abominem a escola, detestem os colegas, percam a cabeça pontualmente ou se anulem completamente, dentro duma escola que nem é digna desse nome, pois aí nada se aprende, antes desaprende.
Os pais nos paises já referidos, perante cenários idênticos ao que agora encontrámos nas nossas escolas, optaram, pelo “homeschooling”, a escola em casa.
Felizmente em Portugal essa medida ainda (nem sei como) escapa à tutela amordacizante do ME e da sociedade doentiamente “inclusiva”.
Para protegerem os seus filhos da barbárie e para lhes alimentar as capacidades como foi consignado, não sem luta, no final do séc XIV e na, pelo menos, primeira metade do séc XX, os pais ora ficavam em casa, desde que habilitados para tal, e orientavam os estudos da criança em ambiente tranquilo e motivador, ora algumas famílias agrupavam-se e num local escolhido (habitação ou não), esse pequeno grupo formava uma mini escola, esta sim fazendo jus ao seu nome.
Lembremo-nos apenas e só do caso de Thomas Edison, o inventor da lâmpada eléctrica. Gozado, maltratado e ridicularizado na escola oficial, a mãe retirou-o e, em casa, educou-o e instruiu-o. Todos beneficiámos desta decisão, até aos nossos dias.
Já começa a ser tempo das famílias portuguesas que realmente se interessam pelos filhos, os querem cultos, competentes, respeitadores e pacíficos, pensarem no “homeschooling”, isto é, em juntar interesses e criarem as “micro-escolas” .
Nos Estados Unidos, os pais são reembolsados da percentagem dos impostos que pagam para a educação em geral. Aqui, onde o estado apenas cobra, os pais até prescindiriam dessa benesse assim os deixassem mostrar à sociedade e aos pseudo-teóricos duma pseudo-educação “inclusiva, lúdica, pública”, que há lugar para a diferença, que há o direito à diferença! E à liberdade de escolha.